RESPOSTAS AGUDAS:
Diversos estudos demonstram que o treinamento de força é um importante
estimulador para o aumento da concentração de testosterona como resposta aguda.
No entanto, a magnitude dos resultados depende diretamente de como as variáveis
do treinamento são manipuladas (Buresh et al. 2009; McCaulley et al. 2009;
Kraemer e Ratamess, 2005; Kraemer et al. 1990, 2005; Hansen et al. 2001,
Hakkinen e Pakarinen, Gotshalk et al. 1997).
- Intervalo entre as séries:
Os intervalos curtos entre as séries do treinamento resistido parecem induzir
maiores respostas hormonais comparado a intervalos longos (Buresh et al. 2009;
Kraemer et al. 1990, 2005). Em 2009, Buresh e colaboradores verificaram que um
minuto de intervalo entre séries de 5RM resultou em maior concentração de
testosterona após o treino, comparado com intervalos de dois minutos e trinta
segundos durante a primeira semana de treinamento. Em estudo anterior, Kraemer
et al. (1990), ao diminuírem o intervalo de três minutos para um minuto, em
séries com 10RM, também encontraram maiores concentrações de testosterona logo
após o treino. No entanto, há protocolos que não encontraram diferença nenhuma
ao compararem intervalos curtos com longos (Ahtiainen et al. 2005; Kraemer et
al. 1990). Ahtiainen et al. (2005), por exemplo, verificaram que protocolo com
dois ou cinco minutos produziram os mesmos aumentos agudos das concentrações
sérica e livre de testosterona.
- Número de repetições:
Com relação ao número de repetições, alguns estudos demonstraram maiores
respostas da testosterona frente a protocolos com repetições altas. McCaulley et
al. (2009) verificaram aumentos significativos após treinos com 10 repetições,
mas não observaram nenhuma mudança com três repetições.
Em 1993, Hakkinen e Pakarinen compararam 1RM com 10 repetições com 70% de 1RM,
ambas com três minutos de intervalo entre as séries. O aumento na concentração
total e livre só foi significativo no grupo de 10 repetições. Os autores
sugeriram que isso pode ter sido influenciado pelo sistema metabólico lático no
estímulo à testosterona. O que também é sugerido por Gentil (2011) em treinos
com repetições entre 10 e 15RM. Entretanto, Kraemer et al. (1990) não
encontraram diferença significativa na resposta da testosterona ao comparar 5RM
com 10RM. Smilios et al. (2003) também não encontraram diferença ao comparar
séries com 5, 10 ou 15 repetições.
- Massa muscular envolvida:
Hansen et al. (2001) e Hakkinen et al. (1998) demonstraram que sessões de
treinamentos que combinaram membros inferiores com superiores demonstraram maior
concentração aguda de testosterona que sessões que utilizaram as cadeias
musculares isoladamente. Sugerindo que quanto mais massa muscular envolvida
maior é a resposta da testosterona.
- Número de séries:
Gotshalk e colaboradores (1997) demonstraram que três séries de 10RM com um
minuto de intervalo produziram maiores concentrações agudas de testosterona que
uma série. No entanto, há estudos que não encontraram diferença nenhuma ao
comparar duas, quatro ou seis séries em treinos com 5, 10 ou 15 repetições (Smilios
et al. 2003).
No estudo citado anteriormente, apesar de não haver resposta significativa para
a testosterona, outros hormônios apresentaram maiores concentrações pós-treino
conforme se aumentava o número de séries. No entanto, houve uma estabilização
após a quarta série. Os autores sugeriram que, a partir de uma determinada
quantidade de séries, os hormônios anabólicos estabilizaram ao passo que os
catabólicos (ex: cortisol) continuaram a aumentar (Smilions, 2003). Uma
conclusão parecida foi descrita por Schwab et al. (1993), na qual o nível de
testosterona não aumentou significativamente após o treino ao evoluir o volume
para quatro séries com intensidade alta ou moderada.
É importante destacar que há possibilidade de a testosterona continuar
aumentando com o aumento do volume de treinamento. Alguns autores sugerem que
quatro a seis séries por grupamento muscular seria um limite ótimo. Pois, além
desse número, o catabolismo começaria a ser mais evidente que o anabolismo (Kraemer
e Ratamess, 2008; Smilions, 2003; Schwab et al.1993; Gentil, 2011).
RESPOSTAS CRÔNICAS:
As alterações dos níveis basais de testosterona com o treinamento resistido não
parecem seguir um aumento gradual ou um padrão consistente. Embora mudanças
significativas tenham sido mais evidentes em meninos pré-púberes e púberes. Em
adultos, a literatura é controversa. Ao mesmo tempo em que algumas pesquisas
demonstram aumentos significativos após algumas semanas de treinamento, outras
não verificaram diferença alguma (Copeland et al. 2004).
Ahtiainen et al. 2005, apesar de demonstrarem aumentos na força muscular, não
encontraram nenhuma mudança nas concentrações hormonais após o treinamento.
Outro estudo interessante foi conduzido por Kraemer et al (1999), no qual, ao
contrário do estudo citado anteriormente, homens de meia idade apresentaram
aumentos basais significativos de testosterona ápos 10 semanas. Com relação a
jovens, temos o exemplo de garotos com 11-14 anos que também apresentaram
aumentos significativos nas concentrações basais de testosterona ao se
submeterem ao treinamento resistido (Tsolakis et al. 2000).
Apesar da controvérsia dos estudos, é importante destacar que a média da
concentração basal total e livre de testosterona tem sido altamente
correlacionada com os níveis de força muscular (r = 0,81 – 0,83) (Häkkinen et
al. 1990). Embora existam poucos estudos que relatem um aumento da testosterona
após longos períodos de treinamento resistido, tem sido sugerido uma correlação
significativa entre os níveis séricos individuais de testosterona e aumentos na
força máxima durante o treino. Outro fator em destaque relatado por Hakkinen et
al. (2001) foi uma correlação entre os níveis de testosterona e aumentos na
circunferência do quadríceps. Neste caso, o estudo concluiu que baixos níveis de
testosterona podem ser um fator limitante para a treinabilidade de mulheres
idosas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das respostas agudas da testosterona ao treinamento resistido não deve
ser supervalorizada, pois, além de ser controversa, o pico das elevações dura
poucos minutos e há uma tendência de queda posterior. Além disso, as alterações
hormonais são apenas alguns dos fatores que podem influenciar nos resultados
finais do treinamento de força (Gentil, 2011).
Copeland et al. (2004), em sua revisão de literatura, chama atenção, no sentido
crítico, para os estudos encontrados, pois a maioria utilizou amostras
relativamente pequenas e, sendo assim, as conclusões devem ser interpretadas com
cautela. Outro ponto é que a duração das pesquisas foi relativamente curta,
variando de oito semanas a 12 meses. Neste sentido, mais estudos são necessários
para esclarecer os efeitos crônicos do exercício resistido nas concentrações
basais da testosterona.
Fonte: Gease.pro.br
Artigo de Elke Oliveira